sábado, 30 de março de 2013

PEC das domésticas

PEC das empregadas aproxima o Brasil da Europa
Direitos trabalhistas e impostos transformam a figura da empregada doméstica em exceção em países como a França

Estadão - 30 de março de 2013 | 16h49 - Andrei Netto, Correspondente


PARIS - A ampliação dos direitos trabalhistas dos empregados domésticos, aprovada pelo Senado na semana passada, deve aproximar o Brasil da realidade dos países mais desenvolvidos da Europa. 
Ao estabelecer o limite de tempo de trabalho semanal, o pagamento por horas extras, a remuneração por jornada noturna e a possibilidade de solicitar o seguro-desemprego, seguro de acidentes e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o país se iguala em vários aspectos a nações como a França - onde ter um funcionário é um luxo restrito a famílias de classe alta.
O tema dos "particulares-empregadores" na Europa tem recebido atenção especial dos governos nos últimos 20 anos. Isso porque, com o envelhecimento da população, a demanda por "auxílio à pessoa" também se tornou crescente. Dados recentes indicam que 2,6 milhões de trabalhadores vivem de empregos domésticos na UE. Desses, 66% se concentram em três países: Espanha, Itália e França.
Neste último, o Instituto Nacional de Estudos Estatísticos (Insee) - o IBGE local - recenseou 387 mil empregados domésticos em 2011, para uma população de mais de 60 milhões de habitantes. Nos últimos 20 anos, governos sucessivos têm adotado medidas para estimular a contratação de trabalhadores por particulares por meio da redução do custo de trabalho e de impostos e da exoneração de contribuições sociais.
O resultado é que, entre 1995 e 2005, o número de domicílios que declaram ter um funcionário cresceu 76%. No mesmo período, segundo o estudo realizado pelos pesquisadores François-Xavier Devetter, Marion Lefebvre e Isabelle Puecche, do Centro de Estudos do Emprego (CEE), de Paris, a despesa das famílias com trabalhadores cresceu 104% - graças também ao aumento da formalidade do mercado. As novas legislações adotadas na França desde 1993 ainda multiplicaram por 2,4 o número de famílias de renda média que dispõe de algum empregado.
Mas, ainda que a função de doméstico esteja ganhando espaço em parte da Europa, a realidade continua muito diferente da brasileira. Em Paris, apenas famílias de classe alta têm funcionários permanentes, que trabalham durante todo o dia. O mais comum são pequenas jornadas: faxinas de duas horas por semana, ou babás que permanecem três ou quatro horas diárias na função.

Charge publicada na Folha de São Paulo em 30 de março de 2013


Novos direitos garantidos com o PEC das domésticas

  • Jornada de trabalho de 8h diárias e 44h semanais
  • Adicional noturno
  • Indenização de 40% do saldo do FGTS em caso de despedida sem justa causa
  • Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário
  • Recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia por tempo de serviço)
  • Proteção ao salário, sendo crime retenção dolosa de pagamento
  • Hora extra
  • Salário família
  • Higiene, saúde e segurança no trabalho
  • Auxílio creche e pré-escola para filhos e dependentes até 5 anos de idade
  • Recolhimento dos acordos e convenções coletivas
  • Seguro contra acidentes de trabalho
  • Proibição de discriminação de salário, de função e de critério de admissão
  • Proibição de discriminação em relação à pessoa com deficiência
  • Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 16 anos 

Direitos que já existiam
  • Salário mínimo, inclusive para quem recebe remuneração variável 
  • Recolhimento ao INSS (Previdência Social) 
  • Repouso remunerado - 1 dia de descanso na semana 
  • Férias 
  • 13ª salário 
  • Licença gestante 
  • Aviso Prévio 
  • Aposentadoria 

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